domingo, 28 de agosto de 2011

Construção compartilhada



Edifícios no formato original
Edífios com as modificações promovidas pelos moradores

" CONSTRUÇÃO COMPARTILHADA
ARQUITETOS PROPÕEM UMA NOVA MANEIRA DE OLHAR - E FAZER - MORADIAS SOCIAIS AO DEIXAR UMA PARTE DA OBRA SOB RESPONSABILIDADE DOS MORADORES. O RESULTADO SÃO MORADIAS QUE SE VALORIZAM COM O TEMPO

POR ANDRESSA FERNANDES FOTOS ELEMENTAL SA

 
"Propomos deixar de pensar na moradia como um gasto, mas como um investimento social." A frase do arquiteto chileno Alejandro Aravena explica bem os conceitos da arquitetura colocada em prática em seus projetos para a Elemental. A empresa - na verdade, um "do tank" com projetos para as cidades, associada à Pontifícia Universidade Católica do Chile e à Copec (Companhia de Petróleo do Chile) - trabalha na busca de soluções para resolver tanto o problema da habitação quanto o da integração da população à cidade.
Dentro de um programa do Ministério da Habitação Social chileno que concede um subsídio de 7.500 dólares por família carente para financiar a construção de suas casas, os projetos da Elemental buscam transformar o gasto social em investimento. "O problema é desenhar de tal forma que a residência aumente de valor no decorrer do tempo. É algo desejável do ponto de vista do patrimônio familiar e é um indicador de que essa família está menos pobre, porque pode investir em sua casa e não gasta toda sua renda para sobreviver", afirma.
A verba disponibilizada para a compra de terreno, trabalhos de urbanização e arquitetura, segundo cálculos da Elemental, só permite a construção de cerca de 30 m², conta que gera limitações ao projeto. "Mais do que uma idéia, é uma restrição. O dinheiro não é suficiente para construir toda a casa, apenas para a metade. Então, a pergunta-chave para essa questão é: que metade fazemos?", questiona Aravena.
A resposta encontrada pela Elemental consiste na construção da parte mais difícil da casa, aquela que a família nunca poderá fazer sozinha, nas palavras de Aravena. Isso engloba banheiros, cozinha, escadas e muros intermediários. A outra metade fica a cargo das famílias que, segundo o planejamento, podem ampliar sua moradia até chegar a cerca de 72 m². "Fazer uma estrutura inicial que pense no tamanho final da casa é o uso estratégico do projeto. A idéia é fazer bem o que uma família não pode fazer individualmente e fazê-la crescer e dispor de melhores meios para a conclusão do projeto", define o arquiteto.
Qualidade sem monotonia
Do problema da falta de recursos acabou surgindo uma solução à monotonia e à repetição, resultados normalmente adotados pela necessidade de baixar custos. "A segunda metade, construída pelas famílias, customiza e personaliza a resposta, de forma que a monotonia inicial pode ser a única maneira de fazer com que a diversidade não signifique deterioração", avalia Aravena.
A qualidade das habitações é a grande preocupação da Elemental, principalmente porque o projeto trabalha com várias realidades dentro do território chileno. Como explica o arquiteto, não se trata de fazer um só protótipo: cada conjunto teria de ter uma escala que cobrisse uma grande quantidade de casos e realidades próprias. "As necessidades são enormes, e as respostas têm de ser massivas. Ser capaz de manter a qualidade em grande escala é o nosso maior desafio", afirma. Nesse sentido, a estratégia de crescimento da moradia exigiu dos projetistas um cuidado especial na hora de pensar a forma arquitetônica do conjunto.
Iquique
O primeiro projeto do programa foi concluído em 2004, e está localizado na cidade de Iquique, no deserto chileno. A intervenção aconteceu a pedido do governo: era preciso radicar 100 famílias que nos últimos 30 anos haviam ocupado ilegalmente um terreno de 4 mil m², cujo preço era três vezes maior do que um programa para habitação social normalmente pode pagar.
Decidiu-se primeiramente pela não construção de casas isoladas, pois esse tipo de moradia beneficiaria um número reduzido de famílias - o que diminuiria o poder de compra para adquirir o terreno, e, conseqüentemente, levaria a população a áreas periféricas, regiões marginalizadas da rede de oportunidades que a cidade oferece.
"Uma pergunta que temos de nos fazer bastante é onde serão construídas essas casas. Se as habitações sociais estão integradas às redes de oportunidades das cidades (trabalho, educação, saúde, transporte etc.) então já resolvemos um problema sério. Modificar sua localização na cidade é algo que nunca poderá ser melhorado por uma família", afirma o arquiteto, que considera a boa localização um fator-chave para a valorização da moradia e a conservação da economia de cada família.
A tipologia adotada em Iquique foi então pensada de forma a atingir uma densidade suficiente para que se pudesse comprar o terreno. Em vez de desenhar a melhor unidade possível dentro de 7.500 dólares multiplicados por 100, a equipe da Elemental se perguntou qual seria o melhor edifício de 750 mil dólares capaz de abrigar 100 famílias.
Se investissem em edifícios altos, não seria possível aumentar a superfície original da moradia, com exceção do primeiro e último piso, que pode crescer verticalmente enquanto o outro sempre pode ser ampliado horizontalmente sobre o solo. A solução foi a construção de edifícios com dois andares, divididos em quatro grupos, já estruturados para sua futura ampliação. Cada edifício é composto de duas casas, uma no primeiro nível - ampliável em um quintal aos fundos e no espaço abaixo da laje que separa os dois níveis - e um apartamento dúplex com espaço para crescer ao lado.
No primeiro nível a residência é entregue com 6 m x 6 m, área que pode crescer dentro do lote de 9 m x 9 m. Já no segundo, a área inicial é de 3 m x 6 m, ampliável em mais 3 m para o lado.
"Hoje essas casas valem três vezes mais do que o seu custo. Isso é desenhar a moradia social como investimento mais do que como um gasto público, que é o ponto central da Elemental", diz Aravena.
Lo Espejo
Conceitos semelhantes aos de Iquique foram aplicados na construção do conjunto em Lo Espejo, na capital Santiago, localizado nas proximidades de uma das principais vias da cidade. Concluído em novembro de 2007, o lugar abriga 30 famílias em uma área de 1.568 m². A diferença com relação ao primeiro projeto está na área das residências: em Lo Espejo tanto a casa térrea quanto o apartamento dúplex podem chegar ao máximo de 6 m de largura. Outra adaptação de um projeto para o outro surgiu a partir das diferenças climáticas. "Em Lo Espejo nós gastamos dinheiro em um teto contínuo, como parte da metade entregue, porque em Santiago há chuvas constantes. Em Iquique nós não tivemos esse problema, pois fica no deserto", comenta Aravena.
O terreno de Lo Espejo conta com três de seus quatro lados urbanizados, disposição adotada com o objetivo de organizar as moradias sem que fossem necessárias novas obras de pavimentação. O edifício ganhou uma orientação contínua em duas fissuras no sentido longitudinal do terreno, paralelas à área de restrição gerada por um antigo canal.
A largura do terreno, considerada excessiva, foi aproveitada na forma dos quintais privados que recebem as ampliações dos primeiros pisos. Com essa operação, a casa térrea tem dimensões iniciais de 6 m x 6 m, enquanto o apartamento dúplex possui 3 m x 6 m, mesmas medidas reservadas para o crescimento da moradia ao lado.
SHARED CONSTRUCTION
"We have proposed to stop thinking of a home as expenditure, but as social investment". The phrase by the Chilean architect Alejandro Aravena explains the architectural concepts of the Elemental - a "do tank" associated to PUC-Chile and to Copec. Within a program by the Chilean Social Housing Ministry which allowed a subsidy of 7,500 dollars per needy family to finance the construction of their homes, the Elemental projects seek to turn the social expenditure into an investment. The budget only allows the construction of some 30 m2."The money is not enough to build the entire house, only half of it. The key question is: which half shall we build?" asks Aravena. The answer found by Elemental consists of the construction of the most difficult part of the house: bathrooms, kitchen, stairs and intermediate walls. The other half will be the responsibility of the families. The first project is located at the city of Iquique, in the Chilean desert, in which, instead of designing the best possible unit within 7,500 dollars multiplied by one hundred, the Elemental team asked itself which would be the best 750 thousand building capable to shelter 100 families. The solution was the construction of two-floor buildings already structured for their future expansion.
"We supposed that if we have a point, it should be proven by building (the paper and the computer displays are harmless), and to build following the same rules of the game: economical, political, social and delivery dates", concludes Aravena."

Arquiteto Alejandre Aravena e os croquis do escritório Elemental
Vista aérea antes da intervenção
Vista aérea depois da intervenção
Protótipos computadorizados


Desvendando lareiras

Como funcionam?
O bom funcionamento de uma lareira depende de técnica e certos cuidados, garantindo que a fumaça não invada a sala e nem haja perda de calor, o que requer um projeto e um dimensionamento adequados.
O aquecimento deve ser compatível com o tamanho do ambiente e número médio de pessoas que a freqüentam. Porém, a temperatura final é determinada pela quantidade de lenha queimada, além da correta condução e lançamento, pela chaminé, para o exterior dos gases liberados na combustão.
A estrutura de uma lareira é composta por três partes fundamentais: caixa ou câmara de fogo, coifa ou caixa de fumaça, e duto ou chaminé. Cada qual desempenha funções específicas, mas interdependentes entre si.
Na caixa de fogo, o elemento principal é a chamada boca (a abertura da lareira para o ambiente), cujas dimensões (altura e largura) devem estar de acordo com as medidas do local onde será instalada. Mais para dentro da caixa de fogo, onde se deposita a lenha, um outro segredo: a parede de fundo inclinada. Sua função é empurrar as ondas de calor rumo ao piso do ambiente. Assim, o ar aquecido, que é mais leve e tende a subir, faz aumentar a temperatura do ambiente.
Logo acima da caixa de fogo, vem a coifa, com formato semelhante a um funil de cabeça para baixo. Ela capta a fumaça, ao mesmo tempo que detém o ar frio que desce pela chaminé. Nessa etapa, é fundamental a garganta, uma abertura, regulável, cuja medida deve ser exatamente igual à área seccional do duto. Coifa e chaminé, em especial, garantem um funcionamento limpo do sistema, no que concerne à fumaça e à fuligem. A finalidade da garganta da coifa é conduzir a fumaça para fora e impedir que o ar frio desça pela chaminé e incida sobre o fogo, espalhando fumaça e cinzas, daí a importância de um bom dimensionamento.
A alvenaria substituiu os graúdos blocos de pedra antigamente utilizados nas lareiras. Além da alternativa de se contratar um pedreiro para construí-la, há modelos pré-fabricados à venda na forma de kits e em medidas padronizadas.
Geralmente confeccionadas em aço galvanizado, pintado de preto, as lareiras pré-fabricadas são encontradas em duas versões: a tradicional, para ser revestida com alvenaria, e a de uso aparente. Nesse caso as paredes não são quebradas, bastando encostar o kit no canto escolhido e furar o teto para a passagem do duto.
Em termos de resultado, ambas se equiparam. A diferença é que a aparente, por não ser coberta pela alvenaria, esquenta e esfria com maior velocidade. Vale citar que o aço recebe tratamento para isolação térmica, com resinas e até camadas internas de lã de vidro, a fim de evitar que os usuários se queimem. Quanto às dimensões, o mercado acabou por estabelecer algumas medidas de referência, como a relação entre a boca da lareira e o ambiente. O mais usual é encontrá-las para ambientes a partir de 100m³, para as quais se recomendam bocas de largura de 70cm por altura de 60cm, até ambientes com mais de 400m³, com bocas de 130 por 85cm.

Por que ter uma lareira?
A função de uma lareira vão muito além do aquecimento de um ambiente, elas são capazes de criar um clima acolhedor e familiar para reunir amigos e familiares. Valorizando o ambiente ela também ajuda a criar novos hábitos, aproximando as pessoas.

Cuidados na hora da instalação:
  •  a lareira deve ser dimensionada para o tamanho, uso do ambiente e estilo arquitetônico e de decoração em que será instalada;
  •  posição da lareira para permitir o aquecimento do ambiente da forma mais eficiente;
  •  adequação do duto para que a extração da fumaça seja eficiente e não saia para o ambiente;
  •  escolha de materiais próprios para suportar altas temperaturas.

Alguns exemplos de como elas podem ser dispostas:
DISCRETA INTEGRAÇÃO

Os proprietários desta casa curitibana queriam uma lareira que integrasse o espaço. Ela foi acomodada em um nicho que cumpre diversas funções: morada de fogo, espaço para lenha, home theater - do rasgo no teto desce uma tela de 100 polegadas - e expositor de apetrechos. Executada em tijolo refratário filetado, é separada do nicho horizontal por vidro temperado incolor. O tapete e os pufes têm a função de aquecer ainda mais a sala e contribuir para a acústica, uma vez que o espaço é grande e o som dispersa. Mobiliário do Studio Bertoldi.

CONFORTO CONTEMPORÂNEO
 

Desenhado para a Casa Cor Brasília, o ambiente da arquiteta Sabrina Estrella valoriza a escada projetada por Oscar Niemeyer. Acentuadamente contemporâneo, o estar amplo e confortável é ideal para desfrutar uma boa leitura, escutar música ou degustar vinhos. Cercada por confortáveis sofás e pufes de camurça sintética, longas cortinas de linho cru e poltronas Charles Eames (Spazio Interni), a lareira foi revestida internamente com mármore bege Bahia bruto (Silestone) e as paredes externas com madeira cumaru (Marcenaria Fechina). A luminária Jingzi é da Light Design.

ECOLOGICAMENTE CORRETA
 
Trabalho conjunto dos proprietários - ela arquiteta, ele engenheiro - para unir a beleza estética às questões ambientais, o calor gerado pela lareira é reaproveitado para outras funções nesta casa, que possui aquecimento solar, captação de água pluvial e tratamento de água servida (chuveiros, lavatório e serviço) para reuso nas descargas. Sofá e mesa de centro de resina branca da OB.I, garrafas de madeira da Jacaré do Brasil.

AQUECIMENTO NATURAL
 
No projeto encomendado pelos proprietários ao arquiteto Alexandre Magno deveria existir uma sala moderna e aconchegante integrando lareira com queima natural, imagem, som e um pequeno bar de apoio. O arquiteto posicionou-os lado a lado na caixa da lareira: a TV, atrás de um vidro antirreflexo e o bar, de vidro opanilizado preto de correr (Vidrolopes). Desligado o aparelho, tem-se a impressão de uma única peça. Mobiliário e tapetes da Empório Casa, acessórios Abitari.
PEDRAS VULCÂNICAS

AMBIENTE ACOLHEDOR
 
Jovem, o casal com filhos que viaja nos fins de semana para Itu, onde recebem a família e amigos, queria um ambiente aconchegante, que fosse também o home theather. Para evitar o aquecimento da tevê colocada sobre o duto da lareira, a arquiteta Lígia Resstom fez o isolamento com lã de rocha. A ambientação acolhedora tem sofás e poltronas Breton, mesa de Centro L'oeil, almofadas Empório Beraldin e tapete By Kamy.

360° DE CALOR
 
A lareira a gás da Fireorb é capaz de aquecer todo o living de 77 m2 sem interferir na linguagem proposta pelo arquiteto Arthur Casas para sua própria residência em Iporanga, no Guarujá. O espaço de pé-direito duplo precisava de uma lareira que girasse 360° para aquecer simultaneamente o living e a varanda. De metal preto fosco, flutuante e fixado no teto, o modelo inovador encaixou-se perfeitamente na ambientação e não interfere no restante da decoração.

CENTRO DAS ATENÇÕES
 
Localizada no centro do ambiente e com aparência de pira, a lareira a gás instalada pelo arquiteto Ricardo Campos dentro de uma mesa de mármore (projeto da Santa Irreverência, execução da Marmoraria Ouro Mel) cumpre sua função de criar o clima de aconchego que o casal proprietário solicitou para o espaço planejado para receber amigos. Os sofás de folha de bananeira prensada da Saccaro dão um toque natural.

Modelos contemporâneos de lareiras:

Lareira ecológica de etanol:

Referências: 

No living da residência de 746 m2 de área construída a proposta do arquiteto Aquiles Kílares foi criar uma ambientação clean, com móveis (Artzzi) e objetos de decoração em tons neutros, mas sofisticados, que acompanhassem o padrão de conforto e elegância adotado. O toque de requinte está na lareira de mármore (De Mármore) que utiliza gás natural e pedras vulcânicas. Iluminação da Hansa Iluminação.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Vidros utilizados na arquitetura e suas aplicações:

Modelo
Características
Função
Algumas aplicações
Aramado
Vidro impresso com tela metálica incorporada à massa de vidro
Segurança
Caixa de escada, coberturas, fechamentos de clarabóias, sacadas, peitoris, tampos de balcões, composição de móveis, divisórias e guarda-copos
Blindado
Composto de várias camadas de vidro e de PVB em diversas espessura
Segurança contra projéteis
Guaritas, vitrines
Duplo insulado
Dupla camada de vidro separada por um vão preenchido de ar ou gás desidratado
Proteção acústica e térmica
Janelas, portas e coberturas
Float
Liso, transparente, faces paralelas, sem distorção óptica e com alta transmissão de luz
Matéria-prima para todos os processos de beneficiamento do vidro
Diversas
Impresso
Com diversas impressões e formatos. São translúcidos, mas não transparentes, e podem ser laminados
Utilizado na decoração e para conferir privacidade aos ambientes
Boxe de banheiro, janelas, portas, divisórias
Laminado
Possuem película de PVB ou resina localizada entre duas lâminas
Segurança: retém os estilhaços presos entre os vidros em caso de quebra
Guarda-corpo, fachadas, pisos e outras aplicações
Refletivo
São vidros que recebem uma camada de óxido metálico em uma das superfícies
Reduzir a entrada de calor e luminosidade em função da reflexão dos raios solares
Coberturas e fachadas
Serigrafado
Vidro float com uma camada de pintura com tinta cerâmica de diferentes formas e cores
Decoração, controle solar
Portas, janelas, divisórias e revestimentos
Temperado
Float ou impresso até cinco vezes mais resistente que o vidro comum
Segurança: quebra em pequenos pedaços normalmente sem pontas
Boxe de banheiro, portas, visores de fogão

aU – Arquitetura e Urbanismo , maio de 2004, número 122.

Vidro aramado:

Vidro blindado:

Vidro duplo insulado:
Vidro float:

Vidro impresso:

Vidro laminado:

Vidro refletido:

Vidro serigrafado:

Vidro Temperado: